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Arquitetos: MoDusArchitects
- Área: 610 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Simone Bossi
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Fabricantes: Askeen, Doormatic, Möbel Ladinia, Putzer, Rubner Türen, Sedis, Trias OHG, Zumtobel
Descrição enviada pela equipe de projeto. Fundada em 1142 e situada na bacia do vale de Eisack, perto de Bressanone (Itália) e ladeada por vinhedos, a abadia não apenas representa um dos conjuntos arquitetônicos mais importantes do Tirol do Sul, mas também se destaca como uma abadia agostiniana proeminente de seu tempo. Como uma pequena aldeia autossuficiente, cada edifício no complexo do mosteiro desempenhou um papel específico: as igrejas constituintes, capelas, moinhos, oficinas, adegas e casas da fazenda formaram um núcleo memorável - sendo que apenas uma parte foi convertida em um museu.
O anexo projetado pelo escritório MoDusArchitects, oferece novas funções aos edifícios antigos e reconecta as relações entre as estruturas auxiliares e os volumes principais da Abadia. Do lado de fora, o projeto é apenas evidente pela escura passarela revestida de cobre, que emerge de um aglomerado de edifícios de serviço reformados, que se conectam ao claustro principal no pavimento superior.
Parte demolição, parte reforma e parte restauração, o projeto intervém em três estruturas secundárias adjacentes, tendo como cenário a ala setecentista do claustro principal. O primeiro edifício foi destruído para transformar o armazém agrário em um espaço arejado, com pé-direito duplo no átrio de entrada com um mezanino. O segundo edifício, por outro lado, substituiu o lavatório existente de um pavimento por uma ampla escada e uma torre de elevadores, que conectam a ala antiga do claustro. A terceira e última estrutura, foi restaurada para abrigar um espaço para seminários e eventos no térreo, com um pátio externo recém-reformado, um espaço para exposições temporárias e uma sala de coro no pavimento superior.
O novo átrio possui um balcão de recepção feito sob medida, vitrines e luminárias, cujos detalhes articulados de cobre, madeira e vidro configuram novos diálogos nos beirais recém-expostos do telhado de madeira restaurado e do gesso rústico.
Os visitantes deixam o hall de entrada em direção a área externa, para começar seu passeio no claustro da Abadia. O itinerário serpenteia pelo mosteiro, passando pela biblioteca do século XVIII e uma sala recém-restaurada com afrescos do século XVII para, em seguida, concluir o circuito em uma passarela, que conecta a nova adição no pavimento superior, no topo da escada. Desta forma, o projeto da MoDusArchitects é o ponto de partida, como também o ponto de chegada do circuito do museu. Concluindo a visita ao museu e avançando além dos fechamentos antigos da Abadia para o espaço da nova passarela, uma grande janela fornece um respiro visual: uma vista reduzida sobre o telhado do armazém reformado para a capela de Sant'Angelo, enquanto também oferece vistas privilegiadas para o jardim murado da Abadia e os vinhedos mais além.
Pedra calcária, paredes de concreto aparentes, pisos de concreto com acabamento rústico e madeira de castanha espessa fornecem um cenário tátil para configurar a sequência espacial de volta às escadas, que levam ao átrio, mais uma vez. Os elementos arquitetônicos são mantidos juntos em um equilíbrio atmosférico de tons sutis e materiais naturais; uma sensação de serenidade é proporcionada pelo uso de uma paleta limitada. O novo e o antigo se reconciliam através de detalhes discretos, seja do guarda corpo da escada, das aberturas, até o acabamento das superfícies verticais e horizontais.
O projeto é acompanhado pelas intervenções artísticas de Paul Renner, cujas interpretações românticas e lúdicas do hortus sanctis augustini criam um peculiar elemento para a sobriedade do interior. A composição pitoresca de Renner sobre o patrimônio botânico da Abadia, se une ao revestimento metálico da torre dos elevadores, enquanto os visitantes descem do pavimento superior do claustro para o hall de entrada.
O projeto da MoDusArchitects assume a heterogeneidade dos períodos arquitetônicos da Abadia de Novacella, com uma abordagem incisiva, que mescla vocabulários históricos e contemporâneos em um conjunto equilibrado. O desenho da sequência dos espaços e as suas mensagens táteis, os cheios e vazios, a passagem do tempo e das qualidades mais efêmeras que só o visitante pode vivenciar, transportam para o futuro tudo o que a Abadia oferece.